No batuque das ideias
O disco No batuque das ideias possui 12 músicas feitas em parceria por Fábio Carvalho e Pedro Nathan. Sambas, maxixe, choro, afoxé, marcha e baião compõem o trabalho gravado em 2011, em São Paulo.
terça-feira, 27 de maio de 2014
DISCO NA ÍNTEGRA - 12 FAIXAS
Gravado e mixado por Cezinha Oliveira, masterizado por Mário Gil - Estúdio Dançapé, SP.
Link para ouvir no SPOTIFY:
https://open.spotify.com/album/6i1hNPvTBz0UoDUfeg1S28
01 - Ao menos (Fábio Carvalho/Pedro Nathan)
O que faz pesar, pesar os cotovelos
Até não poder, poder assim contê-los
Não há de ser apenas minha ou sua
Tristeza, que hoje ao menos toma as ruas
Há mesmo quem se diga abandonado
Aliás, é o que se ouve em todo lado
E a dor, contudo tão particular
Ao menos, é domínio popular
Ao menos não se acabe a batucada
Ao menos, que no mais não sobra nada
Embora reste ao menos dos mortais seu valor
Me valho do meu samba no penhor
Se em lágrimas há muito de suor
E lástimas de um mundo bem pior
Com determinações estruturais
Ao menos, livre é o pranto aqui sem mais
É quando o desespero nos assalta
E faz pedir asilo em botequim
Se a solidariedade está em falta
Ao menos, nos avisa o Joaquim
Voz: Pedro Nathan
Violão e voz: Fábio Carvalho
Violão 7 cordas: Marco Bertaglia
Tantam, tamborim e pandeiro: Jorginho Cebion
Ganzá, reo-reco e cuíca: Bré
02 - Salário e carinho (Fábio Carvalho/Pedro Nathan)
Ai, quem me dera, meu senhor
Só sobreviver de amor
Se bem que se fosse salário
O carinho que eu ganho já seria
Quase a mesma mixaria
Porém, quando havia paz em nosso lar
Eu tinha o sorriso dela em meu olhar
Assim, minha vida mais valia
Já meu mínimo ordenado
Nem triplicado me daria alforria
Voz: Pedro Nathan e Fábio Carvalho
Violão: Paulinho Grassmann
Violão 7 cordas: Marco Bertaglia
Prato e faca e pandeiro: Barão do Pandeiro
Tantam, tamborim e ganzá: Jorginho Cebion
Assovio: Cezinha Oliveira
03 - Quando a gente canta (Pedro Nathan/Fábio Carvalho)
Quando a gente canta
Ao toque desta marcação
A gente embarca na história
E puxa em nossa memória
A marcante embarcação
No porão, o berro abafado
Foi cadenciado no escuro
Na levada do mar
A murmurar um futuro
Quando a gente canta
Bem no tempo dessa cadência
A gente, então, contempla o legado
E soma nosso brado
Às afrodescendências
Na senzala, a prece ocultada
Foi marcada pela cicatriz
Na pele escura do couro
Criadouro dessa raiz
Quando a gente canta
No pulsar desse compasso
A gente, assim, impulsiona a cultura
Mesmo se não é escura
A pele desse braço
Na favela, a voz erguida
Foi sentida por quem soube ouvir
A mistura da saudade
Com a liberdade ainda por vir
Voz: Pedro Nathan e Fábio Carvalho
Violão 8 cordas, tamborim de vassourinha, reco-reco, caxixi, atabaque, agogô, vocal e arranjo: Léo Nascimento
04 - Canção testemunha (Fábio Carvalho/Pedro Nathan)
Quis assim compor
Sambas, por compor
Mas no meu bordão
Já não basta amor
Quis assim também
Cantar bem mais além
Mas o céu do chão
Sempre foi refém
E a dor que este samba vem depor
Já traz em si o tom de lá
No tom daqui e dó não há
Cá pra nós
Só mesmo a pena a pagar
Tendo apenas nossa voz
E até, toda nota será ré
Perante à miséria de cá
De fato aqui, canção não há
Nem fá-sol
Com tanta sombra
Se faz necessário ser farol
Voz: Fernanda de Paula
Violão: Paulinho Grassmann
Baixo: Cezinha Oliveira
Conga, surdo, pandeiro, ganzá e tamborim: Bré
05 - Só resta chorar (Pedro Nathan/Fábio Carvalho)
Foi numa roda de choro criado
Vendo um casal requebrar
Flauta, viola, cavaco assanhado
E o velho ophicleide a soprar
Ele nasceu como dança
Em polcas viradas se deu
O vira e revira pegou do batuque
E assim o maxixe nasceu!
E foi perseguido na praça
Na raça não mudou de cor
Saiu pelos cantos com tantos amigos
E até um amor encontrou
Nas mãos de Chiquinha Gonzaga virou
Melodias que o tempo deixou para trás
Hoje só resta chorar
E lembrar quem chorou
Não só nos recitais
O seu passo ficou
Pra cumprir ideais
Voz e pandeiro: Barão do Pandeiro
Violão e cavaquinho: Paulinho Grassmann
Clarone e flauta: Dado
Coro: Stella Oliveira, Rosana Leite
06 - Sina de poeta (Fábio Carvalho/Pedro Nathan)
Deus me livre ser poeta
Pra sentir a dor do mundo
Preferia a linha reta
Sem dilemas tão profundos
Na verdade, tal ofício
Não se escolhe simplesmente
Seja vocação ou vício
Traz sequela permanente
Mesmo sendo amargurado
Com razão nessa lambança
O poeta é condenado
A cantar a esperança
Ademais, está fadado
A viver do amor alheio
Sem o seu concretizado
Segue atrás do que não veio
E da insurreição tardia
Que hoje é só melancolia
Pra quem ousa conspirar
Nos poetas, afinal
Não há vida pessoal
Nem há dor particular
Voz, violão e arranjo: Mauricio Sant’Anna
Cavaquinho: Paulinho Grassmann
Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva
Pandeiro: Mauro Salles
Pra sentir a dor do mundo
Preferia a linha reta
Sem dilemas tão profundos
Na verdade, tal ofício
Não se escolhe simplesmente
Seja vocação ou vício
Traz sequela permanente
Mesmo sendo amargurado
Com razão nessa lambança
O poeta é condenado
A cantar a esperança
Ademais, está fadado
A viver do amor alheio
Sem o seu concretizado
Segue atrás do que não veio
E da insurreição tardia
Que hoje é só melancolia
Pra quem ousa conspirar
Nos poetas, afinal
Não há vida pessoal
Nem há dor particular
Voz, violão e arranjo: Mauricio Sant’Anna
Cavaquinho: Paulinho Grassmann
Flauta e bandolim: Pratinha Saraiva
Pandeiro: Mauro Salles
07 - Independente se é carnaval (Pedro Nathan/Fábio Carvalho)
De conta nem patrão
Um dia desses não tem mais perdão
As ruas vão se encher
Isso vai ser normal
Independente se é carnaval
Porque o povo já dança, afinal
Independente se é carnaval
A banda não vai mais ser ilusão, em vão
A quarta-feira não vai mais acinzentar
Ex-boias-frias vão comer, beber depois
Do estandarte na avenida anunciar
Voz: Pedro Nathan e Fábio Carvalho
Violão e baixo: Cezinha Oliveira
Bateria: Deniel Moraes
Flauta: Dado
Coro: Mauro Salles, Luiz Felipe Albuquerque, Marcelo Leme (e Malú), Lu Amaral, Ana Paula Freire e Izabel Cristina
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